ESTE BLOG FOI FEITO EXCLUSIVAMENTE SOBRE A VIDA E OBRA DA MAIOR CANTORA MODERNA BRASILEIRA DE TODOS OS TEMPOS. SÃO MAIS DE QUARENTA ANOS DE UMA TRAJETÓRIA BRILHANTE DESSA ESPETACULAR ARTISTA. ELA COMEÇOU COMO MARIA DA GRAÇA E HOJE SEU NOME É GAL.

sábado, 27 de novembro de 2010

A CANTORA BAIANA ACABA DE LANÇAR UMA CAIXA COM 15 ÁLBUNS GRAVADOS ENTRE 1967 E 1983.

Meses depois de Jorge Ben e Ney Matogrosso, é a vez de Gal Costa ser encaixotada. A cantora baiana acaba de ter seus quinze primeiros discos reunidos no box "Total". Além desses álbuns, a caixa ainda traz um CD duplo com raridades - canções lançadas apenas em compacto, duetos com outros artistas, músicas feitas para o cinema. Se não resume toda a carreira da cantora (o período coberto vai de 1967 a 1983), traz o essencial de sua obra. "Baby", "Folhetim", "Tigresa", "índia"... está tudo lá.

"Domingo" (1967, com Caetano Veloso)

Ainda relativamente desconhecidos, Gal e Caetano cantam juntos "Coração Vagabundo", "Domingo" e "Zabelê". Ela canta sozinha cinco canções, e ele, quatro. "Escolhemos o repertório juntos, Caetano adorou todas as músicas que escolhi. Foi uma oportunidade de a gente fazer alguma coisa, foi ótimo ter feito com ele", diz Gal.

"Gal Costa" (1969)

"Tocou muito a música do Jorge Ben, "Que Pena", que gravei com Caetano. Aí fui chamada pela boate Sucata para fazer um show lá. Tinha cenário de Hélio Oiticica, os músicos ficavam dentro de uma coisa de filó, e na frente do palco ficava comigo o (percussionista) Naná Vasconecelos, que é um músico performático. Totalmente impregnado do espírito tropicalista, o disco inclui canções de Caetano ("Não Identificado", "Saudosismo" e "Baby"), Gil ("A Coisa Mais Linda Que Existe"), Tom Zé ("Namorinho de Portão"), Roberto e Erasmo ("Se Você Pensa" e "Vou Recomeçar") e um coco extraído do repertório de Jackson do Pandeiro ("Sebastiana").

"Gal" (1969)

Considerado por ela seu disco mais experimental, inclui "Cinema Olympia" (de Caetano), a primeira versão de "Meu Nome É Gal" (de Roberto e Erasmo), "Tuareg" e "País Tropical" (de Jorge Ben), essa última mais popular à época na voz de Wilson Simonal. "A nossa tocou bem na rádio. Gil e Caetano gravaram essa música comigo, se eu não estou enganada, no dia em que estavam indo para Londres, ou qualquer coisa assim."

"Legal" (1970)

"É um disco experimental, mas não tanto quanto o anterior." No repertório, há uma versão tropicalista do iê-iê-iê "Eu Sou Terrível" (de Roberto e Erasmo), uma releitura do baião "Acauã" (do repertório de Luiz Gonzaga) e inéditas enviadas do exílio por Caetano ("London, London" e a carnavalesca "Deixa Sangrar") e Gil ("Língua do P" e "Minimistério").

"Fa-tal – Gal a Todo Vapor" (1971)


"O show foi dirigido por Waly Salomão e gravamos ao vivo, tem "Fruta Gogoia", "Charles Anjo 45", sugestões de Waly para introduzir outras canções, "Como Dois e Dois", "Falsa Baiana", "Antonico". Nessa época eu conheci Ismael Silva (compositor de "Antonico" e um dos inventores do samba carioca), ele foi na minha casa. Era um senhor já, imagina eu cantando Ismael Silva, ele um compositor do morro... Gostei muito de conhecê-lo. "Dê um Rolê" era dos Novos Baianos. Waly me apresentou a Luiz Melodia e eu gravei "Pérola Negra". "Como Dois e Dois" Caetano fez para Roberto Carlos e eu gravei também." A inédita "Vapor Barato", de Waly e Jards Macalé, é o marco histórico de Fatal.



"Índia" (1973)

"Dominguinhos tocou pela primeira vez nesse show numa área musical diferente da que ele costumava trabalhar. Toninho Horta era um músico novo que estava surgindo, tocou no palco pela primeira vez comigo." Gal reinterpreta Cascatinha & Inhana (que em 1952 haviam gravado uma versão em português de "Índia", uma guarânia paraguaia), Lupicinio Rodrigues ("Volta"), Tom & Vinicius ("Desafinado") e folclore português ("Milho Verde", recriada pelo diretor musical Gilberto Gil).

"Cantar" (1974)


"Caetano foi o produtor, e os arranjos são do João Donato, lindos. Adoro essa gravação de "Até Quem Sabe" (de Donato e Lysias Ênio)…" Caetano colocou letra em "A Rã", também de Donato, que João Gilberto havia gravado só cantarolando em 1970, com o nome O Sapo. A face "zen" de Gal ressurge e conduz a tranquilidade de "Barato Total" (de Gil), a simplicidade da canção de ninar "Chululu" (de autoria de sua mãe, Mariah Costa) e a tristeza de "Lágrimas Negras" (de Jorge Mautner e Nelson Jacobina).

"Gal Canta Caymmi" (1976)

Extirpada dessa reedição "por razões jurídicas", a capa original trazia uma Gal sorridente e amorosa abraçada a Dorival Caymmi, autor dos dez sambas que compõem o repertório em versões modernizadas, entre eles "Rainha do Mar" (1939), "Vatapá" (1942), "Pescaria (Canoeiro)" (1944), "Peguei um Ita no Norte" (1945), "O Vento" (1949), "Só Louco" (1955), "Dois de Fevereiro" (1957) e "São Salvador" (1960).

"Caras & Bocas" (1977)

Baseado na guitarra e em certo experimentalismo, é tratado por Gal no livreto como um disco "de entressafra", "vamos preencher esse buraco porque vem coisa lá na frente". No entanto, contém um grande sucesso ("Tigresa", composta por Caetano para Sonia Braga) e lances curiosos como "Negro Amor" (versão em português para o folk-rock "It’s All Over Now, Baby Blue", de Bob Dylan), composições pouco difundidas de Rita Lee ("Me Recuso") e Jorge Ben ("Minha Estrela É do Oriente") e a primeira composição gravada de Marina Lima ("Meu Doce Amor").


"Água Viva" (1978)

"Foi a primeira vez que eu gravei uma canção do Chico em mais de dez anos de carreira", afirma Gal no livreto, referindo-se a "Folhetim". Pela primeira vez, um disco da cantora vendia mais de 100 mil cópias, ancorado no sucesso de "Folhetim", "Olhos Verdes" (do repertório de Dalva de Oliveira), "Paula e Bebeto" (de Caetano e Milton Nascimento) e os baiões "O Gosto do Amor" (de e com Gonzaguinha) e "De Onde Vem o Baião" (de Gil).

"Gal Tropical" (1979)

Contém a versão mais conhecida de "Meu Nome É Gal", com o célebre duelo final entre voz e guitarra. "Isso é um grande barato, foi acontecendo durante os ensaios, e ficou uma marca incrível." Foram sucessos canções novas, como "Força Estranha" (composta por Caetano para Roberto Carlos), e regravações, como "Balancê" (do repertório de Carmen Miranda), "Noites Cariocas" (de Jacob do Bandolim) e "Estrada do Sol" (de Tom Jobim e Dolores Duran).

"Aquarela do Brasil" (1980)

Gal repete a fórmula do trabalho em homenagem a Dorival Caymmi, agora fazendo a arqueologia da obra musical de Ary Barroso, o que inclui a faixa-título (1939), "No Tabuleiro da Baiana" (1937), "Na Baixa do Sapateiro" e "Camisa Amarela" (1938), "É Luxo Só" (1957).

"Fantasia" (1981)

"Tinha "Meu Bem, Meu Mal" e "Tapete Mágico", que Caetano compôs para esse show. Tinha "Festa do Interior", que era inédita, escolhida entre cinco canções numa fita que Moraes Moreira me mandou. Escolhi essa porque era a mais simples de todas." O disco traz ainda a antiga "Canta Brasil" (do repetório de Dalva de Oliveira), "Açaí" e "Faltando um Pedaço" (ambas de Djavan).

"Minha Voz" (1982)

Consolida-se a guinada rumo à MPB influenciada pelas linguagens pop dos anos 80, iniciada no disco anterior. "Bloco do Prazer", de Moraes Moreira, é o sucesso de perfil carnavalesco do LP. E há ainda "Azul" (de Djavan), "Dom de Iludir" e "Luz do Sol" (de Caetano) e a marchinha também carnavalesca "Pegando Fogo", lançada em 1939 pelo Bando da Lua, que acompanhava Carmen Miranda.

"Baby Gal" (1983)

Em seu disco de despedida da Philips, Gal regrava "Baby", a canção tropicalista que a marcara em 1968, em tom mais próximo à MPB e ao pop, com acompanhamento do conjunto Roupa Nova. E apresenta novas de Chico Buarque ("Mil Perdões"), Gil ("Bahia de Todas as Contas") e, claro, Caetano ("Sutis Diferenças").

"Gal Divina, Maravilhosa – 28 Raridades" (dois volumes)

"Ainda não ouvi esse disco, porque ganhei a caixa aqui em São Paulo. Me lembro de "Sua Estupidez", "Zoilógico" (1971), claro. "Acontece" (1974) foi gravado no teatro Castro Alves, em Salvador, num show de verão que fiz. "De Amor Eu Morrerei" e "Saia do Caminho", também. Essas canções são todas minhas conhecidas, não sei se dos fãs." O grande destaque são os brilhantes (e praticamente desconhecidos) temas de carnaval, como "Estamos Aí" (1972), "Barato Modesto" (1973), "Sem Grilos" e "Acorda pra cuspir" (1974).



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