ESTE BLOG FOI FEITO EXCLUSIVAMENTE SOBRE A VIDA E OBRA DA MAIOR CANTORA MODERNA BRASILEIRA DE TODOS OS TEMPOS. SÃO MAIS DE QUARENTA ANOS DE UMA TRAJETÓRIA BRILHANTE DESSA ESPETACULAR ARTISTA. ELA COMEÇOU COMO MARIA DA GRAÇA E HOJE SEU NOME É GAL.

sábado, 27 de novembro de 2010

A CANTORA BAIANA ACABA DE LANÇAR UMA CAIXA COM 15 ÁLBUNS GRAVADOS ENTRE 1967 E 1983.

Meses depois de Jorge Ben e Ney Matogrosso, é a vez de Gal Costa ser encaixotada. A cantora baiana acaba de ter seus quinze primeiros discos reunidos no box "Total". Além desses álbuns, a caixa ainda traz um CD duplo com raridades - canções lançadas apenas em compacto, duetos com outros artistas, músicas feitas para o cinema. Se não resume toda a carreira da cantora (o período coberto vai de 1967 a 1983), traz o essencial de sua obra. "Baby", "Folhetim", "Tigresa", "índia"... está tudo lá.

"Domingo" (1967, com Caetano Veloso)

Ainda relativamente desconhecidos, Gal e Caetano cantam juntos "Coração Vagabundo", "Domingo" e "Zabelê". Ela canta sozinha cinco canções, e ele, quatro. "Escolhemos o repertório juntos, Caetano adorou todas as músicas que escolhi. Foi uma oportunidade de a gente fazer alguma coisa, foi ótimo ter feito com ele", diz Gal.

"Gal Costa" (1969)

"Tocou muito a música do Jorge Ben, "Que Pena", que gravei com Caetano. Aí fui chamada pela boate Sucata para fazer um show lá. Tinha cenário de Hélio Oiticica, os músicos ficavam dentro de uma coisa de filó, e na frente do palco ficava comigo o (percussionista) Naná Vasconecelos, que é um músico performático. Totalmente impregnado do espírito tropicalista, o disco inclui canções de Caetano ("Não Identificado", "Saudosismo" e "Baby"), Gil ("A Coisa Mais Linda Que Existe"), Tom Zé ("Namorinho de Portão"), Roberto e Erasmo ("Se Você Pensa" e "Vou Recomeçar") e um coco extraído do repertório de Jackson do Pandeiro ("Sebastiana").

"Gal" (1969)

Considerado por ela seu disco mais experimental, inclui "Cinema Olympia" (de Caetano), a primeira versão de "Meu Nome É Gal" (de Roberto e Erasmo), "Tuareg" e "País Tropical" (de Jorge Ben), essa última mais popular à época na voz de Wilson Simonal. "A nossa tocou bem na rádio. Gil e Caetano gravaram essa música comigo, se eu não estou enganada, no dia em que estavam indo para Londres, ou qualquer coisa assim."

"Legal" (1970)

"É um disco experimental, mas não tanto quanto o anterior." No repertório, há uma versão tropicalista do iê-iê-iê "Eu Sou Terrível" (de Roberto e Erasmo), uma releitura do baião "Acauã" (do repertório de Luiz Gonzaga) e inéditas enviadas do exílio por Caetano ("London, London" e a carnavalesca "Deixa Sangrar") e Gil ("Língua do P" e "Minimistério").

"Fa-tal – Gal a Todo Vapor" (1971)


"O show foi dirigido por Waly Salomão e gravamos ao vivo, tem "Fruta Gogoia", "Charles Anjo 45", sugestões de Waly para introduzir outras canções, "Como Dois e Dois", "Falsa Baiana", "Antonico". Nessa época eu conheci Ismael Silva (compositor de "Antonico" e um dos inventores do samba carioca), ele foi na minha casa. Era um senhor já, imagina eu cantando Ismael Silva, ele um compositor do morro... Gostei muito de conhecê-lo. "Dê um Rolê" era dos Novos Baianos. Waly me apresentou a Luiz Melodia e eu gravei "Pérola Negra". "Como Dois e Dois" Caetano fez para Roberto Carlos e eu gravei também." A inédita "Vapor Barato", de Waly e Jards Macalé, é o marco histórico de Fatal.



"Índia" (1973)

"Dominguinhos tocou pela primeira vez nesse show numa área musical diferente da que ele costumava trabalhar. Toninho Horta era um músico novo que estava surgindo, tocou no palco pela primeira vez comigo." Gal reinterpreta Cascatinha & Inhana (que em 1952 haviam gravado uma versão em português de "Índia", uma guarânia paraguaia), Lupicinio Rodrigues ("Volta"), Tom & Vinicius ("Desafinado") e folclore português ("Milho Verde", recriada pelo diretor musical Gilberto Gil).

"Cantar" (1974)


"Caetano foi o produtor, e os arranjos são do João Donato, lindos. Adoro essa gravação de "Até Quem Sabe" (de Donato e Lysias Ênio)…" Caetano colocou letra em "A Rã", também de Donato, que João Gilberto havia gravado só cantarolando em 1970, com o nome O Sapo. A face "zen" de Gal ressurge e conduz a tranquilidade de "Barato Total" (de Gil), a simplicidade da canção de ninar "Chululu" (de autoria de sua mãe, Mariah Costa) e a tristeza de "Lágrimas Negras" (de Jorge Mautner e Nelson Jacobina).

"Gal Canta Caymmi" (1976)

Extirpada dessa reedição "por razões jurídicas", a capa original trazia uma Gal sorridente e amorosa abraçada a Dorival Caymmi, autor dos dez sambas que compõem o repertório em versões modernizadas, entre eles "Rainha do Mar" (1939), "Vatapá" (1942), "Pescaria (Canoeiro)" (1944), "Peguei um Ita no Norte" (1945), "O Vento" (1949), "Só Louco" (1955), "Dois de Fevereiro" (1957) e "São Salvador" (1960).

"Caras & Bocas" (1977)

Baseado na guitarra e em certo experimentalismo, é tratado por Gal no livreto como um disco "de entressafra", "vamos preencher esse buraco porque vem coisa lá na frente". No entanto, contém um grande sucesso ("Tigresa", composta por Caetano para Sonia Braga) e lances curiosos como "Negro Amor" (versão em português para o folk-rock "It’s All Over Now, Baby Blue", de Bob Dylan), composições pouco difundidas de Rita Lee ("Me Recuso") e Jorge Ben ("Minha Estrela É do Oriente") e a primeira composição gravada de Marina Lima ("Meu Doce Amor").


"Água Viva" (1978)

"Foi a primeira vez que eu gravei uma canção do Chico em mais de dez anos de carreira", afirma Gal no livreto, referindo-se a "Folhetim". Pela primeira vez, um disco da cantora vendia mais de 100 mil cópias, ancorado no sucesso de "Folhetim", "Olhos Verdes" (do repertório de Dalva de Oliveira), "Paula e Bebeto" (de Caetano e Milton Nascimento) e os baiões "O Gosto do Amor" (de e com Gonzaguinha) e "De Onde Vem o Baião" (de Gil).

"Gal Tropical" (1979)

Contém a versão mais conhecida de "Meu Nome É Gal", com o célebre duelo final entre voz e guitarra. "Isso é um grande barato, foi acontecendo durante os ensaios, e ficou uma marca incrível." Foram sucessos canções novas, como "Força Estranha" (composta por Caetano para Roberto Carlos), e regravações, como "Balancê" (do repertório de Carmen Miranda), "Noites Cariocas" (de Jacob do Bandolim) e "Estrada do Sol" (de Tom Jobim e Dolores Duran).

"Aquarela do Brasil" (1980)

Gal repete a fórmula do trabalho em homenagem a Dorival Caymmi, agora fazendo a arqueologia da obra musical de Ary Barroso, o que inclui a faixa-título (1939), "No Tabuleiro da Baiana" (1937), "Na Baixa do Sapateiro" e "Camisa Amarela" (1938), "É Luxo Só" (1957).

"Fantasia" (1981)

"Tinha "Meu Bem, Meu Mal" e "Tapete Mágico", que Caetano compôs para esse show. Tinha "Festa do Interior", que era inédita, escolhida entre cinco canções numa fita que Moraes Moreira me mandou. Escolhi essa porque era a mais simples de todas." O disco traz ainda a antiga "Canta Brasil" (do repetório de Dalva de Oliveira), "Açaí" e "Faltando um Pedaço" (ambas de Djavan).

"Minha Voz" (1982)

Consolida-se a guinada rumo à MPB influenciada pelas linguagens pop dos anos 80, iniciada no disco anterior. "Bloco do Prazer", de Moraes Moreira, é o sucesso de perfil carnavalesco do LP. E há ainda "Azul" (de Djavan), "Dom de Iludir" e "Luz do Sol" (de Caetano) e a marchinha também carnavalesca "Pegando Fogo", lançada em 1939 pelo Bando da Lua, que acompanhava Carmen Miranda.

"Baby Gal" (1983)

Em seu disco de despedida da Philips, Gal regrava "Baby", a canção tropicalista que a marcara em 1968, em tom mais próximo à MPB e ao pop, com acompanhamento do conjunto Roupa Nova. E apresenta novas de Chico Buarque ("Mil Perdões"), Gil ("Bahia de Todas as Contas") e, claro, Caetano ("Sutis Diferenças").

"Gal Divina, Maravilhosa – 28 Raridades" (dois volumes)

"Ainda não ouvi esse disco, porque ganhei a caixa aqui em São Paulo. Me lembro de "Sua Estupidez", "Zoilógico" (1971), claro. "Acontece" (1974) foi gravado no teatro Castro Alves, em Salvador, num show de verão que fiz. "De Amor Eu Morrerei" e "Saia do Caminho", também. Essas canções são todas minhas conhecidas, não sei se dos fãs." O grande destaque são os brilhantes (e praticamente desconhecidos) temas de carnaval, como "Estamos Aí" (1972), "Barato Modesto" (1973), "Sem Grilos" e "Acorda pra cuspir" (1974).











Foto: Augusto Gomes
Gal Costa: quinze álbuns reunidos na caixa "Total"

Gal Costa fará disco com canções de Caetano

Sem gravar desde 2005, cantora lança caixa com 15 discos gravados entre 1967 e 1983

Pedro Alexandre Sanches, repórter especial iG Cultura | 16/10/2010 17:25

Gal Costa andou relativamente silenciosa nos últimos cinco anos. Desde Hoje, de 2005, não voltou mais aos estúdios para gravar um álbum inédito. Neste 2010, a mudez começa a ser rompida com a edição da caixa "Total", que inclui 15 discos lançados pela gravadora Philips (atual Universal) entre 1967 e 1983. O ciclo se completará quando Gal lançar, 28 anos mais tarde, o disco de retorno à Universal, que está sendo preparado sob produção de Caetano Veloso e de seu filho Moreno Veloso.

"Vai ser um disco de canções inéditas de Caetano feitas para mim”, adianta, durante entrevista agendada em parceria com a Universal para divulgar o lançamento de Total, que custará em torno de R$ 290 e traz, como atrativos semi-inéditos dois volumes de raridades editadas originalmente em discos de festival, trilhas sonoras (como a do filme "Brasil Ano 2000", de 1969), trabalhos de outros artistas (como Erasmo Carlos, Maria Bethânia e Ney Matogrosso) e compactos da própria Gal (o que inclui as hoje pouco conhecidas versões de estúdio dos clássicos "Vapor Barato" e "Sua Estupidez", do disco ao vivo "Fa-tal", de 1971).

Gal desce para a entrevista num salão de hotel de São Paulo, onde tem passado alguns dias após o show de voz e violão que fez no Anhembi – morando em Salvador, não votou no primeiro turno das eleições. Está serena, mas reclamando de alergia e de pigarro. Conta que é internauta contumaz (“meu computador fica ligado o dia inteiro”) e constata: “No mundo de hoje a informação é tão rápida que, se você ficar um mês sem fazer nada, parece que você acabou, morreu, sumiu, desapareceu. Não dou bola para isso, sigo meu ritmo, que é o importante”.

Enquanto se prepara a parafernália de gravação, ameaça pouco falar: “Eu tenho preguiiiiça, só se você me perguntar. Se me perguntar eu falo, se não me perguntar eu não falo”. Diante das primeiras perguntas, põe-se a falar pelos cotovelos, sobre o passado, o presente e o futuro.

iG: Consta que, no show que fez no Anhembi, você falou bastante entre as músicas, e uma das coisas que disse é que é tímida. Como assim? Gal Costa: É, eu estou falando muito mesmo. Eu sou tímida. Sou menos, muito menos tímida hoje do que era no início. Mas uma coisa curiosa é que a gente vai mudando sem perceber, não é? A vida nos leva a mudar, a transformar, e foi o que sucedeu. Eu quase não falava. No começo da minha carreira eu não dizia nem boa noite, não falava nada. iG: Isso só no palco, ou na vida também? Gal Costa: No palco, mas na vida também falava pouco. Era tímida bem lá atrás. Posso dizer que sou tímida, mas mais do que tímida sou uma pessoa zen. No palco hoje sou muito falante, mas falante de uma maneira espontânea. O que aconteceu no palco é que fico muito à vontade, mas muito à vontade mesmo, e falo o que vem na minha cabeça. Se alguém fala alguma coisa na plateia eu respondo, há uma interação. Sou até engraçada no palco, as pessoas riem comigo por várias vezes. É uma mudança mesmo que aconteceu, e eu não sei lhe explicar como. Comecei a fazer esse show de voz e violão, que exige uma comunicação com a plateia. Você não pode ficar num palco com um violão e muda. Isso também forçou um pouco a ter essa postura. iG: Como é a timidez na sua vida, fora do palco? Gal Costa: Ah, não sei. A minha vida fora do palco não é diferente da minha vida no palco. Quando entro no palco há uma transformação mesmo. Posso estar com alergia e a alergia vai embora. Posso ter um pigarro e o pigarro desaparece. Não sei o que acontece, o palco é uma coisa milagrosa, que mexe com o metabolismo da gente. É misterioso, algum cientista algum dia explicará isso. iG: O palco, então, é remédio para timidez, pigarro, alergia? Gal Costa: Para tudo (ri). O palco é muito bom. Mas essas mudanças são muito agradáveis. É muito bacana constatar que você mudou. Você de repente se vê mudada, transformada, e isso é muito bom, muito legal. E é a vida que traz isso, que dá esse presente para a gente, quando a gente está aberta para receber. iG: Que outras transformações você sofreu? Gal Costa: Ué, eu não sei dizer no quê, mas a gente se transforma. Você também está mais gordinho, está mais bacana (ri). iG: No livreto da caixa "Total", você afirma que preferia não ter saído da Philips (hoje Universal), e é essa gravadora que está lançando a caixa. Gal Costa: Eu preferia mesmo ter continuado. Na época se ofereciam luvas em dinheiro para os artistas saírem de suas gravadoras. A RCA queria mudar de cara, Manolo Camero assumiu a presidência da gravadora e me ofereceu uma luva. Sentei com Roberto Menescal (diretor artístico da Philips), disse que preferia ficar, porque minha história tinha sido lá desde o começo. Ele me disse que não poderia cobrir a oferta. Depois ele mudou de ideia, mas eu já tinha empenhado minha palavra. Fui para a RCA, que levou também Chico Buarque e Maria Bethânia. iG: Pode falar um pouco sobre o volume de raridades que foi incluído na caixa "Total"? Gal Costa: Tenho que ter meus óculos para ver o repertório. (Põe os óculos, folheia o encarte do CD.) Essas fotos são muito bonitas. "Dadá Maria" (1967) foi gravada ao vivo com Renato Teixeira, mas cantei também com... Silvio Cesar? Cantei ou não? Acho que sim. "Bom Dia" (1967) é linda, gravei em estúdio com Gil me acompanhando, se não me engano. "Domingo Antigo" (1968), é engraçado... Eu não lembro dessa gravação... Não reouvi nada ainda. "Acho Que Vou-Me Embora" (1968) eu conheço, acho bem bacana, de Sidney Miller. "Canção da Moça", "Homem de Neanderthal" (do filme Brasil Ano 2000, de 1969) também, não lembro dessa gravação com Bruno Ferreira. iG: Quem é Bruno Ferreira? Gal Costa: Eu não sei quem é, nem lembro. "Show de Me Esqueci", com Bruno Ferreira e Ênio Gonçalves, olha só que loucura. "Sem Grilos", "Acorda pra Cuspir" (1974), essas músicas eu gravava em compactos simples para o carnaval da Bahia, quando Caetano Veloso compunha para o carnaval baiano. Não tocavam aqui no sul, não. Eu fazia os compactos e a Philips mandava para o Nordeste. Nas rádios de Salvador e no trio elétrico tocavam. iG: Aqui no sul mal circulavam? Gal Costa: Aqui não circulavam. Não sei nem se naquela época tinha carnaval em São Paulo, tinha? Acho que não (ri). O Rio tinha carnaval, mas não tocava. iG: Outra canção ali é "Modinha para Gabriela" (1975), tema da novela Gabriela. No livreto você diz que foi convidada pela Globo para interpretar Gabriela. Como foi isso? Gal Costa: Fui. Daniel Filho chamou primeiro a mim para fazer o papel da Gabriela. Mas eu fiquei com medo. Se eu tivesse naquela época o temperamento que tenho hoje, talvez aceitasse. Mas achei que, não, não sou atriz, sou cantora, não vou fazer. E então cantei a música e a Sonia Braga fez a novela. Na verdade, talvez o espírito e a personalidade da Gabriela parecessem mais comigo. iG: Por quê? Gal Costa: Mais pura, mais... Tenho essa coisa de pureza, até hoje. Mas não sou atriz. iG: Que lembranças lhe ocorrem vendo a capa de seu primeiro disco, de 1967, com Caetano Veloso? Gal Costa: A lembrança que mais me ocorre aqui (manuseia a capa da reedição em CD) é a dificuldade que a gente teve de gravar. A gente dormia muito tarde e acordava muito tarde, e o horário que nos sobrou era o horário da manhã. Eram três turnos de estúdio: pela manhã, que começava às 9 horas, à tarde e à noite, e nós ficamos com esse das 9 da manhã. As grandes estrelas ficavam com os horários da tarde e da noite, e nós de manhã. Era difícil acordar cedo, ir lá, gravar, cantar, estar com a voz legal. Mas a gente fez. É superbacana, depois de anos, olhar isto aqui, porque é o primeiro disco, eu e Caetano juntos. Você vê que tem uma identificação, também por tudo que ele passou, tudo que eu passei – durante o exílio dele fiquei aqui, minha imagem se parecia muito com a dele. E também pela nossa identificação musical, que vem através de João Gilberto.


Versão em Inglês:

Photo: Augusto Gomes

Gal Costa: fifteen albums together in the "Total"


Gal Costa will disc with songs by Caetano
No record since 2005, singer launches box with 15 albums recorded between 1967 and 1983

Pedro Alexandre Sanches, special reporter IG Culture | 10/16/2010 17:25

Gal Costa went relatively quiet over the past five years. From Today, 2005, never returned to the studio to record a new studio album. In 2010, the silence begins to be broken with the release of the "Total", which includes 15 albums released by Philips Records (now Universal) between 1967 and 1983. The cycle is complete when launching Gal, 28 years later, the disc returned to Universal, which is being prepared under production Caetano Veloso and his son Moreno Veloso.

"It will be a disc of unreleased songs by Caetano made to me," it said in an interview scheduled in partnership with Universal to announce the launch of Total, which will cost around $ 290 and features such as semi-attractive two unpublished volumesOriginally published in the rarities disc festival, soundtracks (like the movie "Brazil 2000", 1969), works by other artists (like Erasmo Carlos, Ney Matogrosso and Maria Bethania) and the very compact Gal (which includes the now little-known studio versions of the classics "Vapor Barato" and "Stupidity Tries," the live album "Fa-tal, 1971).

Gal goes down to the interview in a hotel lounge in Sao Paulo, where he has spent a few days after the show's voice and guitar that made the Anhembi - living in Salvador, did not vote in the first round of elections. Is quiet, but complaining of allergies and throat clearing. Internet user account that is in default ("my computer is turned on all day") and notes: "In today's world the information is so fast that if you stay a month without doing anything, it seems that you just died, disappeared, vanished . I do not give the ball to do that, follow my rhythm, which is important. "

While preparing the paraphernalia of recording, speak little threat: "I have preguiiiiça, only if you ask me. If you ask me I say, do not ask me if I do not speak. " With the first questions put to gab about the past, present and future.

IG: Reportedly, the show did in Anhembi, you talked a lot between songs, and one of the things we said is that it is shy. How so? Gal Costa: Yeah, I'm talking very much. I'm shy. I am far, far less today than it was timid at first. But a curious thing is that we will move along without realizing it, is not it? Life makes us change, transform, and that's what happened. I hardly spoke. Early in my career I did not say not good night, said nothing. IG: That's only on stage or in life as well? Gal Costa: On the stage, but in life also spoke little. She was shy and back. I can say I'm shy, but more shy than I am a Zen person. On stage today I'm very talkative, but speaking in a spontaneous way.What happened on stage is I'm very comfortable, very comfortable even, and say what comes into my head. If someone says something in the audience and I say, there is an interaction. I'm up on stage funny, people laugh at me for several times. It's a change that has happened, and I do not know how to explain it. I started doing this show for voice and guitar, which requires communication with the audience. You can not get on stage with a guitar and change. This also forced a handful to have this attitude. IG: How is the shyness in his life off stage? Gal Costa: Oh, I dunno. My life off the stage is no different from my life on stage. When I go on stage there is an even transformation. I may be allergic and allergy goes away. Can I have a hawking and hawking disappears. I do not know what happens, the stage is a miraculous thing that messes with the metabolism of us. It is mysterious, a scientist someday explain it. IG: The stage, then, is a remedy for shyness, hoarseness, allergies? Gal Costa: To everything (laughs). The stage is very good. But these changes are very nice. It is very nice to see that you changed. You suddenly see changed, transformed, and this is very good, very nice. And it brings it to life, giving this gift to us, when we're open to receive. IG: What other changes have you suffered? Gal Costa: Hey, I do not know what to say but you are becoming. You're also fatter, is nicer (laughs). IG: In the booklet of the "Total", you say you would rather not have gone out of Philips (now Universal), and it is this label that is releasing the box. Gal Costa: I would rather have remained the same. At the time gloves were offered money to the artists leaving their labels. RCA wanted to move away, Manolo Camero assumed the presidency of the record and offered me a glove. I sat with Roberto Menescal (artistic director of Philips), said he preferred to stay, because my story had been there since the beginning. He told me he could not cover the offer. Then he changed his mind, but I had already committed to my word. I went to RCA, which also led Chico Buarque and Maria Bethania.IG: Can you talk a bit about the volume of rarities that was included in the "Total"? Gal Costa: Gotta get my glasses to see the directory. (Put your glasses, look through the CD booklet.) These photos are very beautiful. "Dada Mary" (1967) was recorded live with Renato Teixeira, but also sang with ... Silvio Cesar? I sang or not? I think so. "Good Day" (1967) is beautiful, recorded in the studio with Gil accompanying me, if I remember correctly. "Old Sunday" (1968), it's funny ... I do not remember recording this ... Not even took back nothing. "I Guess I'm leaving" (1968) I know, I think pretty cool, Sidney Miller. "Song of the Girl," "Neanderthal Man" (from the movie Brazil Year 2000, 1969) also do not remember recording this with Bruno Ferreira. IG: Who is Bruno Ferreira? Gal Costa: I do not know who you are or remember. "Show Me forgot," Bruno Gonçalves Ferreira and Ernie, look at that crazy."Without Crickets", "Wake up to spit" (1974), these songs I recorded on compact simple for carnival in Bahia, Caetano Veloso when he composed for the carnival in Bahia. Not played here in the south, no. I made the compact Philips and sent to the Northeast. Radios in El Salvador and played electric trio. IG: Here in South circulated evil? Gal Costa: Here we are not circulated. Do not even know if that time had carnival in Sao Paulo, had he? I do not think (laughs). The Rio's carnival, but did not play. IG: Another song there is "Modinha to Gabriela" (1975), subject of the novel Gabriela. In the booklet you say that the Globe was invited to play Gabriella. How was it? Gal Costa: Daniel Filho Fui. first drew me to the role of Gabriela. But I was scared.If I had the temperament that time I have today, perhaps accept. But I thought, no, I'm not an actress, I'ma singer, I will not do. And then I sang the song and Sonia Braga made the novel. Indeed, perhaps the spirit and personality of Gabriela looked more to me. IG: Why? Gal Costa: The purer, more ... I have this thing of purity, even today. But I'm not an actress. IG: What memories do you happen to see the cover of her first album, 1967, Caetano Veloso? Gal Costa: The memory that occurs to me more here (handling the cover of reissue on CD) is the difficulty that we had to write. We slept late and woke up too late, and the time we left was the morning schedule.There were three rounds of studio: the morning, beginning at 9 am, noon and night, and we stayed with that of 9 in the morning. The big stars were at the time of the afternoon and evening, and we in the morning. It was hard waking up early, go there, write, sing, be with the cool voice. But we did. It's really cool, after years of looking at this here, because it is the first album I together and Caetano. You see we have an identification, also for all he has, all I went - during his exile stayed here, my picture looked a lot like his. And also for our musical identity, coming through Gilberto.





















A cantora Gal Costa em foto tirada em um hotel em São Paulo


02/11/2010 - 08h35
Gal Costa relança obra e prepara novo disco para 2011

MARCUS PRETO
DE SÃO PAULO


O foco criativo de Caetano Veloso, segundo ele mesmo diz, está agora no álbum que prepara para Gal Costa.

Com lançamento previsto para o primeiro semestre de 2011, o disco deve sair pela Universal --mesma gravadora que reedita agora os 15 primeiros trabalhos da cantora, gravados originalmente entre 1967 e 1983, na caixa "Gal Total", que já está nas lojas.

"Quando Caetano me disse, depois de ver um show meu em Lisboa, que queria trabalhar comigo em um disco, não achei que fosse ser tão logo", diz Gal.

Moreno Veloso, coprodutor do trabalho, passa tardes na casa de Gal, em Salvador, tocando as canções ao violão, tirando tons, cantando as músicas novas com ela.

Mais da metade do repertório --canções inéditas, todas dele-- já está pronto. As que faltam estão "bem adiantadas", segundo Caetano.

"Há tempos, tenho um sonho de repertório e som para um disco com a voz dela", afirma o compositor.

Esse som, no entanto, não terá como referência a estética explosiva que pautou os trabalhos dos dois nos bons tempos tropicalistas.

"Naquele período, eu usava o grito como forma de expressão, fazia uns sons estranhos", diz Gal. "Eu me engajei no tropicalismo de coração, não intelectualmente. Nada do que fiz foi racional."

Caetano afirma que a sonoridade que planeja para Gal "não tem nada a ver com volta ao grito". Mas também não vai se apoiar no formato que a cantora vem adotando nos últimos trabalhos.

Para isso, pretende escalar o maestro Jacques Morelenbaum e o guitarrista Pedro Sá, ambos colaboradores assíduos de Caetano, para ajudarem na produção musical --o primeiro vai trazer os arranjos "clássicos", com naipe de cordas etc.; o outro dará a pegada roqueira.

METAMORFOSE

A caixa "Gal Total" flagra as muitas metamorfoses sofridas por Gal Costa a partir da estreia em LP, em 1967, com o bossanovista "Domingo" --em dupla com Caetano.

A partir dali, ela vestiria as personagens mais díspares.

Roqueira tropicalista (em "Gal Costa", de 1969), hippie psicodélica ("Gal", 1969, e "Legal"), musa da contracultura ("Fa-Tal", 1971), artista experimental ("Índia", 1973).

Em "Cantar" (1974) --também dirigido por Caetano, aliás-- Gal inauguraria o modelo que seguiria nos anos seguintes: a cantora-cantora, de técnica apurada, voz límpida e afinação perfeita, à maneira de Ella Fitzgerald.

Lançados quase anualmente até o fim do contrato com a gravadora, em 1983, os oito discos que completam a caixa apenas consagrariam --ou negariam-- a eficiência dessa personagem --última que adotou para si. Pelo menos até agora.

GAL TOTAL
ARTISTA Gal Costa
LANÇAMENTO Universal
QUANTO R$ 310, em média (caixa com 16 CDs)


Versão em Inglês:

Gal Costa relaunches work and prepares new album for 2011

MARCUS BLACK

SAO PAULO

The creative focus of Caetano Veloso, he says, is now preparing for the album Gal Costa.

Scheduled for release in the first half of 2011, the disc should come out by Universal - the same label that reissues now the top 15 works of the singer, originally recorded between 1967 and 1983 in the "Total Gal," which is now in stores.

"When Caetano told me, after seeing a show of mine in Lisbon, I wanted to work with me on a disk, I did not think it would be this soon," says Gal.

Moreno Veloso, co-producer of the work, spends afternoons at the home of Gal, in Salvador, playing the songs on the guitar, taking tones, singing the songs with her.

More than half of the repertoire - new songs, all of it - is ready. The remaining are "well advanced", according to Caetano.

"There are times, I have a dream of repertoire and sound for an album with her voice," says the composer.

This sound, however, will not reference the aesthetics explosive that directed these works in good times tropicalistas.

"At that time, I used the cry as a form of expression, made weird sounds," says Gal. "I engaged in tropicalismo heart, not intellectually. Nothing I did was rational."

Caetano said that it plans to sound Gal "has nothing to do with to shout back". But it also will not support the format that the singer has adopted in recent works.

For that, you want to climb the conductor Jacques Morelenbaum and guitarist Pedro Sá, both frequent contributors to Caetano, to assist in the musical production - the first will bring the arrangements "classic" suit with ropes etc.. And the other will rock the footprint .

METAMORPHOSIS

The box "Total Gal" busted the many metamorphoses undergone by Gal Costa from the debut LP in 1967, with the bossa nova "Sunday" - a duet with Caetano.

From there, she would wear the most disparate characters.

Rocker tropicalist (in "Gal Costa", 1969), hippie psychedelic ("Gal", 1969, and "Legal"), muse of the counterculture ("Fa-Tal, 1971), experimental artist (" India ", 1973) .

In "Sing" (1974) - also led by Caetano, incidentally - Gal inaugurate the model would follow in subsequent years: a singer-singer, a good technique, clear voice and perfect pitch, the manner of Ella Fitzgerald.

Released almost annually until the end of the contract with the label in 1983, the eight disks that complete the box just consecrate - or deny - the efficiency of this character - he adopted for himself last. At least until now.

GAL TOTAL

ARTIST Gal Costa

Universal Release

HOW R $ 310 on average (box of 16 CDs)