A expectativa era grande. Afinal o show anterior de Gal, Fantasia, deixara um saldo nada entusiasmante - e a falta de entusiasmo diante do mais recente álbum, Baby Gal (Selo Polygram), é mais do que geral. Havia grande expectativa, portanto. E quando sua voz, off, em canto afro, deu a partida para o show Baby Gal, um frio correu as espinhas mais sensíveis. Logo depois, era o terrível arrepio com uma reedição totalmente indispensável de Dora. Os mais apressados já apontavam no inevitável desastre - mas não foi - não é nada disso. Superados tais obstáculos iniciais, recolhendo do álbum sem vida apenas aquilo que Gal, Baby poderia render melhor - tipo Rumba Louca, Bahia de Todas as Contas, Mil Perdões, Grande Final ou Eternamente - o espetáculo segue o sinal dos tempos: escreve uma espiral inflacionária. Inflação de plasticidade, Gal se reafirmando como extraordinária intérprete, ganhando novos contornos diante da direção de Luiz Carlos Maciel. No roteiro, diversas ousadias, como módulo de xaxados depois de recente êxito nordestino no mesmo local, o corte para momentos de grande despojamento, e o verdadeiro achado: Lili - música-tema do filme com que Leslie Caron encantou as platéias do início dos anos 50. Era grande a expectativa, sem dúvida. E quando Gal chegou ao final, o aplauso entusiasmado do povo que lotava a cada vez mais espremida sala de epetáculos era a demontração de que valera a pena. A combinação da ousadia e talento, baby.
Wilson Cunha
Ano: 1984
Nenhum comentário:
Postar um comentário