ESTE BLOG FOI FEITO EXCLUSIVAMENTE SOBRE A VIDA E OBRA DA MAIOR CANTORA MODERNA BRASILEIRA DE TODOS OS TEMPOS. SÃO MAIS DE QUARENTA ANOS DE UMA TRAJETÓRIA BRILHANTE DESSA ESPETACULAR ARTISTA. ELA COMEÇOU COMO MARIA DA GRAÇA E HOJE SEU NOME É GAL.

domingo, 22 de março de 2009

Gal celebra 40 anos do primeiro álbum e curte o filinho Gabriel.




Gal celebra 40 anos do primeiro álbum e curte o filinho Gabriel.



De musa a diva
Quarenta anos depois do seu primeiro e tropicalista álbum solo, Gal Costa (considerada uma das grandes vozes femininas do mundo pelo jornal "The New York Times") planeja novo disco e curte viver de novo em Salvador, onde mora com seu filho de 4 anos.
Gal celebra 40 anos do primeiro álbum e curte o filinho Gabriel.
Gal Costa iniciou a carreira fonográfica em álbum dividindo "Domingo", com Caetano Veloso, um trabalho de canções intimistas e atmosfera bossa-novista. Dois anos depois, já tendo passado pelas águas revolucionárias da Tropicália, influenciada por Roberto & Erasmo, Janis Joplin e com seus amigos exilados ou calados pela ditadura militar, a filha de Mariah Costa Penna e Arnaldo Burgos mudava de postura ao lançar seu primeiro (e homônimo) álbum solo pela Philips (atual Universal)
"A vivência do tropicalismo e de toda aquela época foi fundamental para fazer o disco. Eu sabía que tinha que criar meu próprio espaço, evoluir e me transformar. Eu e Gil, ouvíamos Jimi Hendrix, Janis Joplin e Beatles", conta Gal Costa, 63, à reportagem do CORREIO no salão da luxosa Mansão dos "Cardeais, no Campo Grande, onde mora- a estrela do axé Ivete Sangalo reside no mesmo prédio.
Com arranjos de Rogério Duprat (produtor), Gilberto Gil e Lanny Gordin (guitarrista), o álbum trazia pérolas como Não Identificado (Caetano Veloso), Namorinho de Portão (Tom Zé), Saudosismo (Caetano), Se você pensa (Roberto & Erasmo), Baby (Caetano), Sebastiana (Rosil Cavalcanti) e Que Pena (Jorge Ben).
Transformou a cantora em musa solitária dos tropicalistas (então expatriados)e entrou para história: em 2007, a revista Rolling Stone o elegeu como o 80º melhor disco brasileiro de todos os tempos.
Vocês tinham noção do quanto inovadores estavam sendo, Gal?
"Acho que Caetano tinha total consciência da importância de renovar a linguagem da música brasileira, de tornar a sonoridade mais elétrica, mas havía os militares e um tempo que não aceitava tantas novidades. De qualquer jeito, só percebemos isso melhor com o distanciamento que o tempo traz. É sempre assim na vida", responde.
De Gracinha a Gal. Conservando sua modernidade quatro décadas depois, o álbum também foi responsável por transformar a tímida Maria da Graça ou Gracinha, a Gau do apelido familiar, na mulher de atitude Gal Costa. O empresário/teórico tropicalista Guilherme Araújo (1937-2007), com quem a cantora, Caetano Veloso e Gilberto Gil moraram durante quatro anos em São Paulo, teve papel importante nessa repaginação.
"Os anos que passei em São Paulo foram difíceis, trabalhava muito ganhava pouco. Algumas músicas do disco eu já cantava no show no Teatro Arena. O show depois foi para Rio de Janeiro, no Teatro Sucata.Foi um grande sucesso, tinha gente que ia ver dez vezes (risos). O cenário era de Hélio Oiticica e a banda Os Brasões tocava comigo. Logo, com o disco nas lojas e as rádios tocando muito Que Pena, as coisas começaram a melhorar e pude levar minha mãe para morar comigo", lembra.
Na tarde ensolarada com vista privilegiada para a Baía de Todos os Santos, Gal Costa afirma que, após Sampa das avenidas Ipiranga, São João e Paulista, foi fácil se adaptar ao Rio de Janeiro. Na Cidade Maravilhosa, ela se tornou musa da contracultura (anos de 1970) e cristalizou a condição de ser una das três maiores cantoras da sua geração, ao lado da conterrânea Maria Bethania e da gaúcha Elis Regina (1945-1982)
"O Rio têm mar, não é? . E a gente baiano, adora o mar" (risos). E talvez, por nunca ter esquecido o mar e a brisa de Salvador, foi que a cantora há 12 anos fez caminho de volta e comprou uma boa casa na Curva da Paciência, bairro do Rio Vermelho. Como era complicado cuidar da residência, que sofria com os problemas de maresia, vendeu o imóvel e adquiriu um apartamento no metro quadrado imobiliário mais caro da capital.
"A cidade de Salvador mudou muito, mas ainda é mais tranqüilo para se viver do que em São Paulo ou Rio de Janeiro. Levo uma vida pacata aqui. Por outro lado, para quem viaja muito como eu, principalmente quando faço show no exterior (o que é freqüente), às vezes é complicado, porque você está cansada e são mais duas horas de voô para chegar em casa. Mas a cidade continúa linda. Uma das poucas coisas que faço ressalva é o comportamento do baiano no tránsito, inclusive do pedestre, que atravessa a rua em qualquer lugar, fora da faixa" , diz.
O filho Gabriel.
A vivência soteropolitana da artista inclui, entre outras atividades comuns, compras na loja Perini (Graça), idas no Teatro Vila Velha e passeios em automóvel pela cidade e pela Linha Verde.
Nada, porém, que se compare ao prazer da maternidade que Gal Costa desfruta com o pequeno Gabriel , de 4 anos. Com olhar terno, ela conta que ele mudou sua vida completamente.
"Não pude ter filho por problemas físicos, mas, graças a Deus, agora tenho Gabriel.
Toda mulher devería ter filho.
A maternidade é uma coisa trasnformadora, seja ela biológica ou não, porque ser mãe está ligado sobretudo, ao amor, ao afeto, ao cuidado e proteção. Por felicidade do destino, Gabriel até se parece físicamente comigo, com meu pai. Talvez de tanto afeto, eu ache que ele esteja parecido comigo físicamente. Isso acontece mesmo", diz, ao risos, a senhora tropicalista.
Projetos.
Sem lançar álbum de material inédito desde Hoje (2005), quando interpretou novos autores, como Moreno Veloso e Péri, a cantora planeja novo disco para este ano, mas prefere não adiantar detalhes.
Recentemente, passou dois meses de férias em Nova York, cidade que adora e onde recebe resenhas e elogiosas de jornalistas importantes, como Ben Ratliff, do The New York Times. No auditório do jornal, aliás, ela participou de um debate com a jazzista Cassandra Wilson- sobre grandes vozes femininas atuais, intermediado por Ratliff.
Há algum tempo, Gal Costa, tal como diva americana do jazz, tem sentido prazer especial em interpretar clássicos. Para quem espera que ela, hoje, seja transgressora como nos anos 70, um recado: "É algo meio burro. Aquela Gal era fruto daquela época. Não faría sentido hoje".



Data: 22/03/2009





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